terça-feira, 21 de junho de 2016

DILÚCULO

Hoje, a manhã acordou-me...
Mas nem sabe se dormi...
Trouxe cores, abraçou-me...
Recordou-me que vivi...
Apagou dias cinzentos...
Beijou a minha inocência...
Proibiu os meus lamentos...
Invadiu-me a consciência...
Perdoou-me o indefinido...
Deitou-se sobre o que sou...
Libertou o meu sentido...
Indicando para onde vou...
Definiu tempos futuros...
Trouxe esperança e alimento...
Mesmo sem portos seguros...
Fez-me perder o lamento..
Mas ao olhá-la de frente...
Quis sorrir, e só chorei...
Se hoje alivío a mente...
Condeno o porque acordei...
Fez-me avançar num segundo...
Contornar o novo dia...
Mas de que se ri o mundo...
Que já não me contagia?
Alex M

DORAVANTE

Novo dia...
Nova monotonia...
Pensamentos...
Vãos lamentos...
Desperdício...
Novo início...
No sol brilho...
Novo trilho...
Ilusões...
Buscam contradições...
Maresia...
Caminhos sem sintonia..
No tempo que foge...
Já não é hoje!
Despedida...
Nova vida...
Aos olhos meus...
Só digo adeus...
Te entrego ao sono...
Doce abandono...
Deixo a razão...
Estendo a mão...
E a sorrir...
Volto a partir!
Alex M

TRAVESSIA

E o tempo passa...
Os dias queimam os dedos...
Correm!
Desfocando os segredos...
E passa...
Cavalgando!
Solidificam rochedos.
Rasga-se o chão!
Já não dá uva!
Perde-se o cheiro das flores...
As mesmas perdem sabores...
E as folhas ficam sem cores...
O cheiro a chuva!
Uma a uma...
Gotas de água em união...
Pétalas de esperança!
Perdidas na Estação...
De outra, que chega assim.
E o vento passa a sorrir...
Pergunta sem o queres seguir...
- Hoje, ainda estou aqui!
Hoje, ainda vou ficar!
Amanhã, passa por mim...
Talvez te responda sim...
Antes da noite chegar!
Que as estrelas abrem caminho...
Com a lua não vou sozinho...
Talvez aprenda a voar!
Recorde o cheiro das flores...
As mesmas ganhem sabores...
E novas folhas com cores...
Alex M

AMARAR

E eis que te olho...
Contemplo a tua força...
Ó mar meu...!
Dançam-me nos olhos as tuas ondas...
Invade-me os sentidos a tua corrente...
Beijas-me na areia...
Tocas-me ao de leve...
Sussurras segredos...
Acalmas-me!
Transformas-me!
Levas-me além!
Transbordas em mim sonhos...
Impossíveis de controlar...
E entro na tua teia...
Mas estás sempre aqui...
Sempre à minha espera...
Tão perto de mim...
Num vai e vem...
Quase supremo...
Num grito breve..
Que deixa a alma contente..
Ao navegar lentamente...
Fazendo de mim o remo...
Alex M

sexta-feira, 17 de junho de 2016

ACLAMAÇÃO

Ah vida!!
Cruel e destemida...
Repleta de tormentos...
Que me afastas dos momentos...
Ah ilusão!!
Alimento da emoção...
Que me atinges sem pensar...
E não me deixas sonhar...
Leva-me a vontade...
Esconde-me a saudade...
Retira-me o crer...
Transforma o querer...
Ah os sonhos!!
Fantasmas medonhos...
Transtornos ideais...
De ardores fatais...
Ah prazer!!
Loucura de viver...
Leva-me o sentido...
O caminho perdido...
Mata-me o desejo...
invalida o beijo...
Sossega a paixão...
Rasga o coração!

Alex M

LÁGRIMA

Vi-te crescer num só sonho...
Que me iluminou a face...
Alma minha, ser risonho...
Subterfúgio, desenlace.
Quis-te em mundos descobertos...
De alegrias e desertos.
Tive em mim a tua mão...
Nela criei a razão.
Fiz-me sentido e senti...
Dei-me ao sorriso e sorri.
Trilhei pedras da calçada...
Quis tudo sem querer nada.
Alimentei-me do riso...
E do tudo que preciso.
Fiz viagens só de ida...
De tão cheio de vontades...
Aceitei as liberdades...
Por onde busco saudades.
Fiz-me gente, fiz-me vida...
Tracei ruas sem saída.
Percorri-te os olhos grandes...
Deitei-me no corpo teu...
Virei o fundo do mundo...
Dentro desse olhar profundo.
Perdi-me no teu valor...
Desenganei o amor.
Vi-te o ser em plena luz...
Reflexo que me seduz...
Melodia que compus.
Invisível me tornei...
Tanto, tanto, que nem sei.
Se te quero, se te amo...
Ou apenas te declamo.
Um eu teu...
Que assim distante...
Qual forma desconcertante...
No aparente se perdeu...
Quem sabe por erro meu.
Talvez nem queira acordar...
Nem sei se quero ficar...
Que será do imaginar?
Neste mundo desigual...
Onde já nada é normal...
E as lágrimas...
Não têm sal!

Alex M

ÂMAGO

Estava só
Estava tão só
Como só, queria ficar...
Numa calma
Calma a minha
Que me acalma, o acordar...
No meu mundo
Mundo este
Meu mundo, particular..
Onde a palavra
Palavra de honra
Era palavra, a passar...
Ao sorrir
O sorrir teu
Fez sorrir, o meu olhar...
Quantos dias
Dos meus dias
Eu deixei, de adiar...
E acordei
Como se acorda
Sentindo a corda, puxar...
Deixando
Como se deixa
Deixar o sonho, sonhar...
Mas senti
Como se sente
Um sentir que que em si não finda
Que sentido será este?
Sem qualquer valor...
(Ainda)

Alex M